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Documento Identidade e Missão da Liga das Famílias

Documento de trabalho

Este documento foi elaborado por um grupo de trabalho formado por casais da Liga das Famílias de Lisboa, após....


I. SOMOS IGREJA

1. Somos baptizados, Família de Deus

“Deus é Amor” (1 Jo 4,8). Por amor, Ele criou cada pessoa e chamou-a à vida. Por amor, ofereceu a cada pessoa, repetidamente, a sua aliança, e mostrou-se em toda a história de salvação como Deus fiel, como Deus da vida e da história. Através de Jesus Cristo, pela sua morte e ressurreição, concedeu-nos a aliança nova e eterna e redimiu-nos.
No Baptismo Deus sela esta aliança de amor com cada um de nós, pessoalmente: permite-me participar da vida de Cristo e torna-me membro do seu Corpo místico, através do qual me transformo num santuário vivo. Cada pessoa é chamada a dar, livremente, uma resposta a este amor e ao seguimento de Cristo.
A Igreja é, para nós, o povo, a família de Deus, a comunidade de todos os baptizados, na qual Cristo continua a viver; é o seu Corpo místico, ao qual pertencemos, cada um pessoalmente, cada família cristã, e como comunidade. Como parte viva da Igreja, somos corresponsáveis pelo seu desenvolvimento e crescimento, e pela sua renovação, especialmente a suscitada pelo Concílio Ecuménico Vaticano II.

2. Na Igreja, somos leigos

Na Igreja, somos leigos, isto é, homens e mulheres que, incorporados em Cristo pelo Baptismo, constituídos em povo de Deus e feitos participantes, segundo a nossa vocação, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, exercemos, pela parte que nos toca, na Igreja e no mundo, a missão de todo o povo cristão.
A nossa vocação específica, como leigos, consiste em procurar o Reino de Deus ocupando-nos das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus. Isto é, pertence-nos, de modo particular, iluminar e orientar todas as realidades temporais que fazem parte da nossa vida de tal modo que elas sejam realizadas e prosperem constantemente segundo Cristo, para glória do Criador e Redentor. No meio do mundo, estamos na linha mais avançada da Igreja: é principalmente através dos leigos que a Igreja pode ser alma, ou princípio vital do mundo.

3. Na Igreja, somos casais e famílias cristãs

Deus criou o homem à sua imagem como homem e mulher e chamou-os ao amor. Através do nosso amor mútuo reconhecemos esta vocação natural e sobrenatural. Com efeito, em virtude do sacramento do Matrimónio, o facto natural do casamento, inserido na ordem da Criação, torna-se um acontecimento de salvação, inserido na ordem da Redenção. Neste sacramento selamos uma aliança com o Sim mútuo que nos declaramos, prometendo-nos fidelidade. Jesus Cristo concede-nos, assim, de maneira especial, a sua proximidade e a sua graça: no nosso amor e na nossa fidelidade mútuos, Ele está presente com o seu amor e a sua fidelidade. Na aliança de amor mútuo e de amor a Ele, não só somos imagem do amor do Deus Trino, como também estamos imersos nesse amor. “É grande este mistério …” (Ef 5,32). Assim como Cristo, pela sua morte e ressurreição, se oferece à sua Igreja, assim também nós, como homem e mulher, nos entregamos um ao outro. Ele vive em nós e actua através de nós – o sacramento é isto. Assim, o nosso Matrimónio se faz sinal eficaz da aliança de Cristo com a sua Igreja. Desta realidade nasce a nossa responsabilidade particular, como casal e como família, pela configuração da Igreja e do mundo; a nossa responsabilidade pela vivência e transmissão da fé no nosso tempo, em primeiro lugar aos nossos filhos.

4. Na Igreja, somos chamados por Cristo e respondemos-Lhe

Ser baptizado, ser Igreja, ser leigo, ser casal e família cristã são dons gratuitos, são chamamentos: é Cristo que nos escolhe, nos chama a Ele e nos faz participar da sua vida e da sua missão, por amor. A nossa vocação cristã, realizada concretamente através dos modos próprios correspondentes a sermos leigos e casais cristãos, pede uma resposta.
A nossa vida é a nossa resposta de amor ao amor que Deus manifesta chamando-nos a ser seus filhos, irmãos de Cristo e templos do Espírito Santo, chamando-nos a ser santos. Esta resposta damo-la, portanto, não só nos momentos determinantes do Baptismo e do Matrimónio, mas no dia-a-dia da nossa vida como baptizados, Igreja, leigos casados e famílias cristãs, no mundo em que vivemos, pelos meios de crescimento da Fé, da Esperança e do Amor que são os restantes sacramentos, em especial a Eucaristia e a Reconciliação, mas igualmente pela nossa vida diária da construção do mundo como Igreja semente, luz e fermento, unindo fé e vida, natureza e graça. Assim, a nossa humanidade caminha para a plenitude a que está chamada, segundo o plano de Deus, como Cristo nos revela e já vemos em Maria.

5. A missão da Igreja é a nossa missão

A tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja, tarefa e missão que as amplas e profundas mudanças da sociedade actual tornam ainda mais urgentes. Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar, ou seja, para pregar e ensinar, ser o canal do dom da graça, reconciliar os pecadores com Deus e perpetuar o sacrifício de Cristo na Santa Missa, que é o memorial da sua morte e gloriosa ressurreição. Evangelizar, para a Igreja, é levar a Boa Nova a todas as parcelas e âmbitos da vida da humanidade, em qualquer meio e latitude, povos, famílias e pessoas, e, pelo seu influxo, transformá-los a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade: "Eis que faço de novo todas as coisas" (Ap 21,5; 2 Cor 5,17; Gl 6,15).
No entanto não haverá humanidade nova se não houver em primeiro lugar homens novos, pela novidade do Baptismo e da vida segundo o Evangelho. A finalidade da evangelização, portanto, é precisamente esta mudança interior; e se fosse necessário traduzir isso em breves termos, o mais exacto seria dizer que a Igreja evangeliza quando, unicamente firmada na potência divina da mensagem que proclama, ela procura converter ao mesmo tempo a consciência pessoal e colectiva dos homens, a actividade em que eles se aplicam, e a vida e o meio concreto que lhes são próprios.
Num mundo novo, é tempo de uma nova evangelização, nova no ardor, nos métodos e na expressão, a exigir que evangelizemos por meio do nosso ser, pensar, amar e viver; pela palavra, atitudes e actos, com audácia e criatividade.

6. Na Igreja, adoptamos conscientemente Maria como modelo

Maria, a quem Deus concedeu desde o início a plenitude da vida, é, para nós, modelo do discípulo de Cristo, figura da Igreja e nossa ajuda constante. Ela, totalmente aberta e orientada por Deus, é a companheira e colaboradora permanente de Cristo em toda a obra da Redenção. Ao mesmo tempo que é esposa e mãe, está disponível para os homens.
A nova aliança e a encarnação de Cristo foram possíveis pelo seu Sim aos desejos de Deus. O nosso mútuo Sim na aliança matrimonial é uma renovação desta aliança. Assim como Maria deu à luz Cristo e o levou aos homens, também nós devemos fazê-lo em sentido figurado, através da nossa família e do nosso Matrimónio. Assim como a bi-unidade de Cristo e Maria é um sinal de amor e de fidelidade, assim o é também a nossa bi-unidade como marido e mulher.

7. Somos Igreja no e para o mundo

Vivemos plenamente a experiência de ser Igreja no nosso tempo e nas circunstâncias concretas em que decorre a nossa vida, e sabemos bem que é aqui que somos chamados à santidade. Aqui Deus se nos manifesta, através dos sinais dos tempos, faz a história connosco e pede o nosso testemunho e entrega à missão.
Reconhecemos que a Europa precisa de fazer um salto qualitativo na tomada de consciência da sua herança espiritual. O estímulo para isso só lhe pode vir de uma nova escuta do Evangelho de Cristo. Compete-nos empenhar-nos para satisfazer esta fome e sede de vida. Perante os desafios da construção da Europa de hoje e do futuro, queremos acolher e proclamar o apelo de João Paulo II à Europa, e dar-lhe resposta: “Volta a encontrar-te. Sê tu mesma. Descobre as tuas origens. Reaviva as tuas raízes. No decurso dos séculos, recebeste o tesouro da fé cristã. Esta funda a tua vida social sobre os princípios tirados do Evangelho e divisam-se os seus traços nas artes, na literatura, no pensamento e na cultura das tuas nações. Mas esta herança não pertence só ao passado; é um projecto para o futuro que deve ser transmitido às novas gerações, porque constitui a matriz da vida das pessoas e dos povos que forjam, unidos, o continente europeu” (Ecclesia in Europa, n. 120). A partir de uma nova consciência das suas raízes e identidade, acreditamos que há-de brotar uma nova missão da Europa no mundo.
Somos e construímos a Igreja em Portugal e em Lisboa. Aqui temos experimentado um complexo processo sócio-cultural de grandes e rápidas mudanças de maneiras de pensar, valores, atitudes e comportamentos em todos os planos e instituições da vida da sociedade de que fazemos parte: sabemos bem que estamos a viver uma mudança de época. Sentimos a magnitude dos desafios e das suas consequências profundas na consciência da nossa identidade, como nação, designadamente das nossas raízes cristãs, e nas persistentes dificuldades de nos reconhecermos e mobilizarmos num projecto de desenvolvimento nacional, e de missão para a Europa e para o mundo. O reconhecimento da vontade de Deus sobre o nosso ser e missão nacionais e a construção do Portugal de hoje e do futuro, à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja, são tarefas que nos são pedidas e a que queremos corresponder, com a Igreja em Portugal e, concretamente, a Igreja do Patriarcado de Lisboa, seguindo o pensamento do P. Kentenich.

8. Somos portadores de um carisma na Igreja

A vida da Igreja desenvolve-se, por vontade de Deus, por meio do Espírito Santo, tanto através de acções e estruturas hierárquico-institucionais, como pela constante acção dos carismas.
Reconhecemos, de acordo com a doutrina da Igreja, que os carismas são graças do Espírito Santo que, directa ou indirectamente, têm uma utilidade eclesial, ordenados como são para a edificação da Igreja, o bem dos homens e as necessidades do mundo. Eles são uma maravilhosa riqueza de graças para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo, desde que se trate de dons verdadeiramente procedentes do Espírito Santo e exercidos de modo plenamente conforme aos impulsos autênticos do mesmo Espírito, quer dizer, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas. Reconhecemos também que compete aos pastores da Igreja exercer o necessário discernimento dos carismas, de modo que todos eles, na sua diversidade e complementaridade, cooperem para o bem de toda a Igreja.
À luz da fé, e da nossa história, acreditamos que somos portadores de um carisma próprio. Actualizamos, assim, de um modo próprio, segundo o nosso carisma, o princípio carismático ou mariano, ao serviço da vida e da missão da Igreja, ao lado do princípio hierárquico-institucional ou petrino.

9. Somos um Movimento eclesial

Cada época tem desafios e possibilidades, dúvidas e problemas próprios. Cremos que Deus responde a tudo isso chamando à vida comunidades religiosas e movimentos que, na Igreja, acolhem e dão resposta aos anseios do seu tempo. Os movimentos eclesiais, cuja existência e acção irromperam na consciência e na vida da Igreja, com grande força, como um dos frutos do Concílio Vaticano II, foram reconhecidos, acolhidos e valorizados pelo Papa João Paulo II de uma forma clara e entusiasta. O Papa reconheceu “como é grande, hoje, a necessidade de personalidades cristãs amadurecidas, conscientes da própria identidade baptismal, da própria vocação e missão na Igreja e no mundo! E eis, então, os movimentos e as novas comunidades eclesiais: elas são a resposta, suscitada pelo Espírito Santo, a este dramático desafio do final de milénio. Vós sois esta resposta providencial.” (Discurso na Vigília de Oração durante o Encontro dos Movimentos Eclesiais e das Novas Comunidades, n. 7)
Acreditamos que Schoenstatt é, na Igreja, uma realidade de natureza carismática, um dos Movimentos eclesiais com que o Espírito Santo enriqueceu e quer continuar a enriquecer a vida e a missão da Igreja no mundo actual.

 

 

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